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terça-feira, 9 de novembro de 2010

FESTA DOS FILÓSOFOS




Estive outra noite numa festa onde os convidados eram todos filósofos...
Há dias me sentia estranho, com uma sensação quente e fria no peito, e não sabia exatamente o que sentia. Decidi perguntar aos filósofos o que era o que sentia...
Tales me disse que era coisa da Natureza, mas disso já desconfiava e fui a Sócrates perguntar, mas ele disse que só sabia que nada sabia e que eu só deveria sentir. Platão completou explicando que o que eu sentia já existia antes de eu sentir... lá no mundo das idéias...
Achei abstrato demais e perguntei a Pitágoras, que calculava a eternidade naquele instante, se o que sentia era certo. No que ele me olhou e sorriu suavemente dizendo: Tão certo quanto um meio e um meio são um e um e um são dois!
Olhei para Aristóteles que me olhava com expressão poética e num gesto tragicômico me disse: Lógico! Procurei Demócrito e o encontrei jogando xadrez celeste com Heráclito e enquanto fazia um movimento lhe dizia em tom de brisa: Meu irmão... para que algo exista é preciso próton, nêutron e elétron, xeque! – O jogo ficou ternamente tenso e achei melhor não interromper.
Encontrei Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, bebendo água da vida na fonte e perguntei novamente o que era o que sentia, no qual o primeiro respondeu: Deus! E o segundo completou: A lógica de Deus é Luz, e a luz lógica do coração é o Amor!



Com aquelas palavras caminhei maravilhado pelo salão sem fim e distraidamente esbarrei em Descartes, derrubando-lhe a maçã que estava prestes a morder, indignado, me deu um tapinha nas costas e me deu Razão. Caminhando então cheio de razão, encontrei Hobbes e ele me perguntou como andavam as coisas, como ia a minha busca, essas coisas... e eu disse que estava amando, ele me disse que isso já existia antes do Contrato Civil e que era Direito Natural.
Bem, tudo estava do meu lado e o vento soprava a meu favor, eu não tinha dúvidas quando encontrei Hume e Locke fazendo algumas experiências com as flores astrais... convidei-os para meu futuro matrimônio, porém eles se entreolharam e depois me encarando com um sorriso irônico nos lábios me disseram que o que eu estava sentindo era apenas a soma de várias percepções, que era apenas coisa dos meus olhos, nariz, boca, tato e audição e não do meu coração, e que provavelmente se não existisse nada disso eu não sentiria nada.
Fiquei um pouco confuso e perambulei perdido pelo Caminho...
Encontrei Hegel e felizmente ele conseguiu me acalmar um pouco dizendo que era apenas uma Tese, que estava pedindo desesperadamente por uma Antítese e que provavelmente isso ia dar em Síntese. Suspirei aliviado e Marx disse que capital e que eu investisse tudo...
Freud explicou que o conflito havia surgido entre o Ego e o Superego por causa do Id, Jung riu e disse que isso era sonho...
Cansado de tanta informação e confusão, sentei-me para descansar ao lado de Sartre, num café em frente o Rio da Água da Vida, ele a bebia numa xícara fosforescente e contemplando a paisagem sem fim escrevia o que parecia ser um poema.
Contei-lhe todo o meu dilema e ele parecia ouvir sem ouvir... ao fim da história me perguntava: O que é Amor? O que é Sentir?...
No que então ele me olhou sorrindo sábia e humildemente e me estendeu um pequeno papel brilhante que continha o que parecia um oito deitado em chamas, então ele disse pausa...da...mente...
“Sentir... Amor...É...Existir...”
Então eu acordei!

Faz um tempo e meio




Faz um tempo e meio...
E mais dois tempos...
Que não tenho tempo de pensar no tempo.
Tempo é dinheiro...
E sou pobre.
Não tenho tempo pra nada
Nem a eternidade da infância...
Já foi o tempo...
E há tempo pra tudo,
Até pra se pensar no tempo.
O tempo tudo suaviza
Ou tudo põe em relevo.
O tempo tudo escraviza.
Tudo está preso no tempo
Até o espaço é filho do tempo.
Falando em tempo,
Estou sem tempo para continuar
Falando em tempo...
O tempo não está bom.
Acho que chove... temporal.

Existe um ser




Existe um ser, um existente,
Que não é Deus, que não é um anjo,
Ou um demônio...
Uma criatura que não nasceu,
Não morreu, um paria que vive
E, no entanto não tem sua própria vida,
Um ser parasita, um amaldiçoado,
Que existe em partes,
E se alimenta da vida alheia.
Seus sentimentos, sua energia vital.
Contradiz sua eterna sina,
Nascendo e morrendo em instantes,
Contínuos num circulo etéreo
E infinito de toques.
Caminhando suavemente através da vida.
De todas as vidas.
Um ser ileso, apátrida, indiferente.
Um subproduto da Divina criação.
Seu nome são todos e sua velocidade indizível.
Desliza como um pensamento leve
E em instantes vive simultaneamente em todos os lugares.
Nos inexistentes espaços entre as obras de Deus.

Eu, você e os anjos.



Eu me procuro porque estou fora de mim. Já me sinto em você. Nos seus gestos, nos gostos, sou um brinquedo dos seus desejos e um filho da tua vontade. Sou a palavra que você quer ouvir, o sorriso que você espera e o olhar que percebe você.
Sou o objeto da sua criação, sou quem quiseres que eu seja. Sou o gesto que você sabe mas não vê, o passo atrás de ti. O peito atrás de ti e o suspiro que você pensa ser seu. Sou sua sombra que você brinca que não existe e os segredos que você um dia quis contar. Me vejo ao seu lado, ao seu oposto, me vejo frente ao seu posto, invisível acaricio seu rosto e estou ao mesmo tempo em cima e embaixo.
Não existo. Não existo. Mas você existe porque eu posso ver? Você existe porque posso te sentir, te querer? Por que você existe e sou eu? Por que não me entrega de volta? Corro com medo de correr demais. Penso no limite e temo correr correr correr e passar da linha sem volta, escapar tanto de mim e perder você.
Percebo cada infinito que você me deixa ver e percebo o quanto infinito você deve ser. Como queria ser infinito com você! Mergulhar no mar dos seus beijos e afogar meus olhos nos espelhos de sua alma. Queria tanto a calma de também ser você. De ter um pouco suas qualidades e sair um pouco do tédio de ter sempre os mesmos defeitos. E rir contigo as mesmas vitórias e superar contigo as dolorosas derrotas. Subir cada degrau da escada com você.
Mas não existo. Os anjos existem. São quase tão eternos quanto Deus e se riem de seres como eu que sentem a presunção de existir por um irrisório tempo finito. Os sacanas existem e são sempre belos e altos, puros e chatos, sim, são cansativos ás vezes, pois são sempre os mesmos desde que o universo se fez ver pela primeira vez.
Atendem pelo mesmo nome e fazem as mesmas tarefas de sempre. Seguem fielmente as leis celestes e protegem sempre os tipos de pessoas que são destinados a proteger. Não reclamam, não ferem, não são feridos, não matam nem morrem, sofrem de existir talvez até mais que eu, que vivo às vezes, alguns tipos de vida, em diferentes lugares.
Vivo quando posso, quando Deus, os astros, as forças da vida, os anjos e demônios me permitem viver. Vivo uns sonhos que tenho quando estou morto e tento aprender quando acordo o quanto do sonho se pode viver.
Mas os anjos... Tenho pena dos anjos, que são rotulados por todos e significam, agem e atendem pelo mesmo nome por toda a eternidade e são deja vus da própria existência sempiterna. Vagam no tempo sem rumo ao mesmo tempo do principio ao fim e conhecem os desfechos das histórias que ainda não começaram.
Ah! Acho que sei o sonho dos anjos, devem querer que um dia Deus entenda a insensibilidade dos primeiros seres os deixe morrer um pouquinho... e viver um pouquinho... sempre de cada vez. Será que o fez?

Eu sei o que você quer




Tudo não passa de ilusão
Para quem acredita só na razão.
Tudo não passa de ilusão
Para quem não ouve o coração.
O mundo é uma festa a fantasia
Onde cada um é o personagem que quiser.
A vida é um curso
Onde a matéria é o amor
E todos são professores e alunos
Existe mágica nas palavras
E o poder de destruir e criar
Está a disposição de todos
Todos podem viver nos sonhos
E sonhar na vida
E a morte é a irmã mais velha do sono.
A natureza é a única verdade
E todos os segredos se encontram nela,
Todas as chaves e todas as portas.
A violência é um vírus da alma,
Que contamina a essência
E neutraliza a capacidade criativa e comunicativa do ser humano.
Deus é a presença constante em tudo,
Nos átomos e nas ondas,
E a vibração primeira que deu origem
A todas as outras velocidades de vibração.
Todos correm pela vida a procura de algo.
Que ao encontrarem descobrem que sempre possuíram,
Sua própria alma.
Eu sei o que você quer, você quer amor, você quer Deus.
E você quer saber quem você realmente é.
Se você quiser isso,
Pode se considerar feliz,
Pois você é amor, e Deus é o Amor maior.

Estrelas demais




Rua vazia
Jogo na televisão
O céu
Tem estrelas
Gol!!!!

A vida vazia
Um jogo sem tesão
Até motel tem estrelas.


Sozinho na rua
A lua sozinha
Perdida nas estrelas ...
Do motel.


Um passe de bola
Uma bola vazia
Um jogo de estrelas.


Palavras vazias
Conteúdo demais
Há sonhos nas estrelas
Existem estrela demais.


Cada estrela guarda um segredo
Cada chance é uma estrela
Como escutá–las tão longe


Como escutá-las sem medo?
Como alcançar o segredo


Palavras vazias
Promessa demais
Tem estrelas nos sonhos
Existem sonhos demais


Ma se onde há sol há dia
Quem sabe amanhã bom dia!

Esquecido




Sempre me lembro de te esquecer,
E mais uma vez estou pensando em você.
Quando me esqueço... me esqueço de mim.
E vou assim...
Levando, empurrando
Correndo, sofrendo...
Procurando algum lugar onde não haja você.
E não encontro!
E se não te encontro, me perco.
E vou assim...
Lembrando, procurando,
Correndo, esquecendo,
Levando, sofrendo,
Sozinho, esperando...
O dia não se fez.
Talvez um dia o talvez não exista,
E talvez eu não, resita.
E até lá...
Vou me lembrando de esquecer,
De me esquecer de me lembrar,
De que eu amo você.

domingo, 7 de novembro de 2010

Esperando uma estrela cair




Olho para as estrelas
Buscando em uma delas
Um reflexo seu
Inventei uma constelação
Quando seu rosto apareceu.


Mas no fundo
Uma noite escura e fria
Devoradora de sonhos
De uma cor vazia


Um, dois, três, quatro...
Conto o tempo
Mas as estrelas não passam
Se ao menos
Uma caísse em minha direção


Por quanto tempo?
A lua estaria no alto?
A grama verde e
A champagne gelada?


As flores terão perfume
Se você demorar a chegar?
Mas não vou partir
Se não vier, eu fico ...
Esperando uma estrela cair.

Esperando chover




Restos de sol acariciam os vales de Deus,
Num anoitecer sem tristeza e adeus.
O ritual apenas, a maestria serena,
uma melodia palpável e plena.
Todas as formas estão nas nuvens,
Brancas, outras cinzas, algumas grandes,
Outras como pássaros perdidos,
Cantando em silêncio para aliviar a tensão.
Nas nuvens escuras há uma que brilha,
E se insinua como a porta do céu.
Os azuis são vários e necessários,
Panos de fundo, contemplando o balé das nuvens,
Que encantam os pastos, vales e montanhas,
E ás vezes os banha.
Existem naves escondidas e rostos no céu.
Máscaras perdidas na ausência do fel.
Como é simples o desejo das nuvens.
Homens e mulheres vivem para morrer,
Enquanto vagam felizes as nuvens,
Encantando o solo, esperando chover.

sábado, 6 de novembro de 2010

ESCREVI!




Penso em escrever...
Penso constantemente
E escrevo o tempo todo.
Escrevo em tudo o que faço
É história!
Tudo é invenção
Tudo composição
É toda uma orquestra eterna
Em perfeita harmonia.
Uma obra literária mágica
Sem começo e sem fim
E o espaço é a eternidade
Onde todos os campos
Semânticos são possíveis
Estamos todos sujeitos
E estamos entre nós.
Somos substantivos compostos
E protagonistas invisíveis
Do livro dos verbos
Da luz foz.
E estamos todos na oração.
Penso em escrever,
Mas na verdade escrevo.
Escrevo que eu estou pensando
Em escrever.
Escrevo que eu estou vivo
E que estou pensando em escrever
Que eu estou pensando em escrever.
Escrevo atos faço cenas e romances,
Escrevo em tudo! Em cada respirar...
Escrevo que estou respirando
Vivo escrevendo.
Escrevendo que vou vivendo,
Escrevendo que escrevi...
Escrevi!

Premiado Sesc 2004

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Embriagado de mim




Me perdoe senhor,
Me bebi demais,
Estou embriagado de mim
Ao ponto de me deixar tonto existir.
Se me forçarem existir mais,
Representar mais do que já faço,
Posso acabar por me vomitar.
Sou um pássaro num aquário de espelhos.

Ecos




Busco em vão,
O toque suave,
De tua mão,
Perdida em neve.
Diante de espelhos,
Te olho em mim,
Me vejo em seus olhos,
De sombras sem fim.
Mas há um brilho que cativa,
Que abre um novo mundo.
Uma realidade alternativa,
Que com a minha confundo.
Invisíveis frente a frente.
Almas intocáveis se buscam.
Pelo mesmo universo,
Em realidades diferentes,
Cara a cara,
Entre a fronteira dos egos.
Luz e escuridão.
Morro em tua aurora,
Vives em meu crepúsculo.

É pena amor...




É pena amor
Que morra assim
O amor meu
Deixando para trás
Tantos sonhos
Tantos planos
Em vão
Se esvaem pela vida...
Vida perdida.

É pena amor
Que morra assim
O amor meu
O que você não entendeu
Que o meu sucesso
E a vitória enfim
No fim fosse
O sucesso seu.

É pena amor
Que morra assim
O amor meu
O que eu não entendo
Porque sempre no fim
Eu acabo morrendo.

É pena amor
Uma pena
Castigo
Esse tal de amor.

Dois




Sou como Deus que é frente e verso.
Sou como o tempo que é noite e dia.
Vou como a árvore que sofre e sorri
Com as carícias do vento.
Vou como o peito entre dor e alegria.
Como a água quente e fria.
Como a panela cheia e vazia.
Como a carne dura e macia.
Como o gosto doce e amargo.

Sou dois, eu e você.
Sou dois, corpo e alma.
Sou dois, Deus e eu.
Sou dois, ira e calma.
Sou dois, você eu.

Mente coração.
Fala pensamento.
Ato intenção.
Inércia movimento.

Distâncias




Em cada canto do mundo,
Um mundo de encantos.
Nas lágrimas de um pranto,
A dor da saudade de alguém.
Se a proximidade é falsa.
A verdadeira distância realça,
O tom cinza fosco,
Ofuscando tristemente,
O quadro de uma paixão.
E quão negro se tornaria,
Se soubesse que o reencontro,
Que pintou alegria,
Fosse um borrado confronto,
De pincéis feitos cílios,
Fechados ao reconcilio.
Triste e fosca tela,
Onde antes a cabível moldura,
Seria um sorriso dela,
Hoje, é uma lágrima escura
E não mais tão bela.

Destino




Todo dia me pergunto o que vai acontecer.
Às vezes lembro do futuro e não consigo esquecer.
Passo o tempo perguntando a mi mesmo:
O que fazer?
E a resposta do meu eu só vem
Quando já aconteceu.
Será que eu vou pra faculdade?
Será que eu vou ter liberdade?
Será que um dia eu vou crescer?
E aquela mina linda, será que vai ser minha?
E será que a vida eu vou vencer?

Às vezes vejo Deus no espelho sorrindo,
Dizendo: Meu menino, invente seu destino.

Todo dia me preocupo com o que é que eu vou ser.
Todo dia vou nascendo e não paro de morrer...

Ele nos trás uma nuvem de chuva para dizer
Que não existe beleza só no Sol.
E que é preciso sentir os pingos da chuva,
Para depois secar a tristeza de sentir solidão.
E eu sou tudo e tudo sou eu.
E não há nada que não seja eu,
E que não seja meu.
Eu tenho tudo desde que nasci.
Quando nasci na vida ela nasceu pra mim.
E ela é uma flor que um dia vai morrer.
Mas que entregará a vida pra alegrar a vida...
De alguém.

Como o Senhor me amou




Já chorei tanto sozinho,
Já me vi tão sem caminho
Sofri tanto sem você.
Quando deixei de ser criança,
Me vi já sem esperança,
Sem saber como viver.
Bati por todas as portas,
Entrei em todos os buracos,
Usei todas as drogas,
Para não ver que era fraco.
Me escondi atrás do medo,
Atrás dos sonhos e desejos,
Procurando proteção que não encontrei,
Até encontrar você.
Não sabia o quanto te amava,
O que precisava de ti.
Preciso de você,
Como as aves do ar.
Preciso de você,
como os peixes do mar.
Preciso de você,
Como as semente da terra para brotar.
Preciso de você,
Como as flores precisam desabrochar.
Preciso de você,
Como a lua precisa do sol para brilhar.
Preciso da sua luz,
Preciso do seu amor.
Preciso do Senhor, Jesus.
Quero amar como o senhor me amou.
Perdoar como o senhor me perdoou.
Quero curar pelo poder do seu amor.
Ressuscitar como Jesus ressuscitou.

Carta à toa


Meu anjo o quanto já te escrevi e sonhei e precisei de você. Como é estranho esse friozinho e esse comichão e toda essa confusão e solidão que é o mundo sem você. Mesmo perto estamos longe e em grande parte das vezes só nos tocamos em olhares e ai meu coração que precisa bater mesmo sem ter você. Ele não me deixa dormir, comer, me faz andar quando estou quieto e me deixa quieto quando quer chorar. Eu sinto um bate bate triste meio querendo parar e cada nova batida é um suspiro preso no peito. Que não sou como você que vive para ser feliz e chora logo se a tristeza vem para mandar pra longe, para sofrer pouquinho, eu choro sozinho quando to sozinho, perguntando por quê. Que tudo começou errado e era para ser tão simples, era somente pra gente ser feliz. Mas enquanto isso eu te escrevo esta carta á toa, que eu sei que você não vai ler, mas se não escrevo, dói porque eu penso você, vejo você e esse friozinho no estômago me diz que eu posso perguntar qualquer coisa, mas minha resposta é você!

Antes da chegada

O que eu vejo e não desejo, guerra.
O que eu ouço e fico louco é mentira.
O que eu sinto é frio e calor,
Se amando numa mentirosa guerra de amor.
O que existe, o que existe é tudo.
O que é morte, o que é a morte?
É só mais uma chegada,
Entre as infinitas que teremos que chegar.

O que preciso, sorriso.
O que desejo, beijos.
E beijo nos sorrisos
E os sorrisos nos beijos.

O que eu quero não é o fim da dor.
O que eu quero é o fim do sofrimento.
O que é preciso é sempre ter amor.
A dor existirá mas sofrer só no momento.

E quando chegarmos mais uma vez,
Não haverá mais guerras e mentiras,
Partiremos para a vida de verdade
E o frio será paz e o calor amor.

Amada loucura




Minha amada loucura,
Como espero você.
Que virá galopando o Sol,
Com um copo de mar na mão
E uma estrela a ser engolida.
Me pegará no colo
E me explicará
O verdadeiro insentido de tudo.
E me livrará da amargura da lógica.
Então passearei pelos campos confusos
De cores trocadas e infinitas mentiras.

Aliteração alfabética




Antes andava aos amanheceres.
Bastou brincar bobo no barro.
Caiu como cai uma cadente no céu.
De dúvidas doidas dividido do nada.
Eu e meus egos egoístas estavam.
Falando e fazendo façanhas sem fim.
Guiado a galope e a gongos gozando.
Homem, heróico, hércules, hermético.
Indizível, um índio inocente invejava.
Jovens juras jogadas à jaula.
Loucas lágrimas lavaram o lodo.
Maldoso o menino manchou um muro.
Nadava nuzinho naquele navio ninho.
Ondas ondulavam nos olhos dos outros.
Pequenas partículas de paz paradas no peito.
Quando o queijo qualquer da lua Lua qualhava.
Roíam os ratos os restos roubados da rua.
Soavam os sinos soltos sobre suas sombras.
Taças tristes e tontas tombavam turvas.
Uma úmida unha urgia unissônica.
Virgem vivia a vida violentamente visível.
Xérox de êxtase em extático exílio.
Zombando o zôo a zona de Zeus.

Alanis Pietra




Escrevi anjos na vida
Poemas de amor, sonhos e estrelas...
Compus versos brancos
E palavras de todas as cores.
Proclamei aos quatro ventos a paz.
Sentimentos borbulharam
E houve erupções em mim.
Cantei a vida, a morte...
Orei em versos a Deus.
Orei, orei e esperei...
Por você!
Que na verdade sempre foram os meus anjos
E que era a estrela distante
Que a luz eu esperava enxergar.
Era você a razão dos meus Sonhos de Ícaro.
E o Sol que eu ansiava encontrar.
A razão dos meus Amores, a razão do meu Amar,
A lógica da minha loucura
E as asas do meu voar...

Água fria




O paladar amargo da ausência.
A ausência amarga do paladar.
A necessidade instante do completo.
E a completa certeza do absurdo.

A água fria escorrendo por entre seus cabelos,
Durante o seu devaneio mais real.

A procura procura.
Quem não procura?
O encontro.

Você sempre esteve cara a cara.
Com a invisível verdade exposta.
Viu, disfarçou, deve existir outra.

A dúvida.
A incerteza.
O imprevisível inesperado, supresa!
Somente o que se pode esperar.
Não se pode esperar...
Esperar...

Abstrato




Procurei você em você,
Estranho, não encontrei.
A luz de seus olhos apagou.
A força fui eu quem cortei.

Voltei ao passado e gostei.
Lá me encontrei com você,
Que então me tratou como rei,
E lá só queria viver.

Sei que corro o risco,
Se alguém der falta de mim,
Mas ao voltar, o perigo,
De sem você ficar assim:

Meio que sem tudo,
Um completo vazio mais nada,
Ou corpo abstrato mudo,
Ou múmia viva calada

A visão cansada do inexistente




O vento dentro traz o fim,
Da vazia realidade da morte.
E a inspiração é a vida e a vida é sonho.
As paredes não existem porque foram construídas.
As verdades não existem porque foram concluídas.
E as cores não são nada porque existem cegos.
Toda explosão é um fim e um início.
E todo início é o principio do fim.
Meus olhos de criança já estão velhos
E já sorriram demais com a beleza do absurdo.
Vivemos um pouco e vemos um pouco.
Sentimos algumas coisas e sofremos
Pelo que não sentimos.
O vento no peito me enche de mim,
Somos feito de vento,
E voamos no sonho,
Onde o céu é o pensamento,
Onde a terra é o sentimento
E a água é lágrima
Que trás a vida lamentando a morte.
As famílias não existem porque se morre sozinho.
As estradas não existem porque perdemos caminho.
E os caminhos não existem, pois levam ao mesmo lugar.
As estrelas perderam a noção do tempo,
E as fadas sonham com casamento.
Um átomo solitário perdeu sua órbita,
E agora vaga ao redor do nada.
E os surdos não ouvem o pedido dos mudos.
Somos somente carta no baralho.
Não existimos até provem o contrário.
Um anjo que não existe,
Me disse que eu posso saber isso.
E esse mesmo anjo triste me disse também:
-Se souber mais que isso, não conte a ninguém!

A tinta das palavras




Lembro das histórias que nunca te contei e rio
Das risadas que nunca demos e choro
Sinto o meu silêncio quando ouço o teu olhar
Gosto de pensar que sempre sei o que é preciso
E que sempre sei a coisa certa a falar
Mas sua beleza tudo cala e só entendo o seu sorriso
Queria poder voar contigo pelo espaço e pelo tempo
Sobre a vida e de cima ver os instantes
Eternos e fixos no solo da história dos nossos sentimentos
Éticos e sinceros, fatos dos pós e dos antes
Lembro das histórias que eu não guardei e rezo
Para que tudo deixe de ser só fotos amarelas de memória
Para que morra toda dor da falta que desprezo
Para que o amor seja a tinta das palavras,
De nossa história de amor.

A Solidão e o Silêncio




Um surdo infinito e um relógio parado:

- Onde está o Sol? – Pergunta a Solidão.
- Onde estão os risos? – Pergunta o Silêncio.
- Onde está o tempo? – Pergunta o Infinito.

Nessa paisagem de nada
O Silêncio faz um gesto
Perguntando a Solidão: - O que vê?

Sem olhos tristes responde: - Só vejo a mim.

Passam-se eternos tempos...

A PROCURA DE MIM




PROCURO UM SOL
QUE NÃO SE APAGUE COM O TEMPO
E UMA FONTE DE ÁGUA ETERNA
QUE REALMENTE MATE A SEDE.
BUSCO UM SONHO
DE QUE NÃO PRECISE ACORDAR
E UMA MÁGICA SEM TRUQUES.
CORRO ATRÁS DE UMA DIREÇÃO SEM CURVAS
OU PONTES QUEBRADAS,
UMA JANELA COM VISTA PARA ESTRELAS
E UMA CASA QUE NÃO CAIA.
PRETENDO ENCONTRAR O CAMINHO
QUE ME LEVE A ME ENCONTRAR.

A Porta




A nicotina e a cevada me consomem,
Estou perdido entre vícios
E o principal me torna mais e mais dependente,
Me mantendo sempre distante.
A solidão é o meu ópio.
Minha alucinação é única
E a porta continua fechada.
A ausência me queima,
O calor, você, a porta. Continua fechada.
Quantas vezes já te vi abrindo.
Quantas vezes vi seus olhos querendo entrar.
Talvez você esteja vindo.
Talvez já esteja aqui.
Mas o ópio está atrás da porta.
Que você só abre miragem.
Quero esta droga, morta.
Quero você de paisagem.
E não de passagem, por esta porta torta.
Hábitos, incertezas, falsidades,
Medos, obstáculos, confusão,
São todas palavras estas drogas,
Personificadas por pequenos monstros,
Causadores da minha solidão.
E a porta, esta, até que você abra,
Permanecerá fechada.

A poesia do Sol é Luz
E a da Lua é reflexo
A morte é com ou sem cruz
E a idéia com ou sem nexo.

A maratona.



Por trás de um olhar intrépido,
Um pequeno enamorado se refugia
E seus sonhos se sufocam pela vida,
Se esconde quando antes, prometia.
Não quer mais achar saída,
Se cansou de ser vigia,
De sua própria corrida.
O percurso se alonga
E objetos não cessam,
Se sucedem.
Ele se vê avançando e obstáculos,
Não olha sobre os ombros,
Os atalhos vai perdendo,
Não agüenta mais cair.
Seus passos envelhecem,
Seus desejos descompassam,
Lá está a linha, a chegada!
Onde está o troféu?
Não ganhou nada!
Somente a memória,
Do que poderia ter sido.
Percebe os erros que cometeu,
Os amores que viveria, porém, correu.
No final não tem um mérito,
Seu trajeto se resume,
Em futuro do pretérito.

A Deus




O universo está exposto,
Enquanto a realidade vadia no rosto.
O verso está em pranto,
Chorando seu sonho suposto.
Deus! Como é belo seu corpo!
Como é claro seu rastro!
Sem as marcas do passo,
De quem vive a ser morto.
Como são belos seus pastos!
De onde tiras o azul do céu?
Que loucura mágica pões neste véu?
De azuis inocentes e azuis clássicos.
E a manhã antes do anoitecer?
Como fazes aquilo?
Vejo uma estrela estremecer,
E um buraco negro amigo.
Chorando pela estrela sofrer,
Consigo seu negro castigo.
Vejo uma nuvem ensolarada,
E toda aquela passarada,
Sendo feliz sem saber.
A madrugada azul marinho,
Vejo da janela da nave
E ela sussurra um carinho,
Sua carinhosa verdade:
- Nada é impossível, nada é anormal.
É tão bonito o infinito, quanto o mar medieval!

Imagens de Deus.
Perfeição de Deus.
Tudo é de Deus.
Tudo é Deus.
Tudo é vivo.
Deus é vivo.

Imagem e perfeição de Deus.
Todos se criam ao nascer.
Todos um dia dizem adeus.
Deus se criou ao universo nascer.
Se Ele é universo,
Poderá um verso morrer?
Deus!
Também um dia dirá adeus?
E a manhã antes do anoitecer?
Como fazes aquilo?

Agradecimentos

Glória, primeiramente a Deus, por tudo, sempre!

Agradeço in memorian, a minha mãe,
Maria do Socorro Santos Cabral,
Pela veia poética e pelo seu imenso amor.

Agradeço ao meu pai,
Juarez Alves Cabral,
por ser meu exemplo do Pai.

Obrigado minhas musas, amores,
Paixões, platônicas, carnais, ex-esposa, ...

Obrigado ao tempo.
Obrigado ao espaço.
Obrigado ao instante,
E aos momentos mágicos!
Obrigado a todos e a tudo.

Dedico esta obra às minhas princesas,

Alanis Pietra e Sofia Beatriz,
E brindemos o verdadeiro amor.

Entre a vida e a morte

Meus olhos dormem o sono do mundo.
Meu coração chora a perda de um Deus.
As luzes se transformam em escuridão,
Quando você sai das trevas
E me transforma de ontem para hoje.
Do nada para o tudo, e é só então...
Que do céu azul desce o homem de branco,
E me leva em seus braços, para um lugar entre,
O tudo e o nada, entre o meu coração e o seu,
Entre a vida e morte.

A partir de um elogio sobre este primeiro rascunho de poesia foi que descobri que a simples combinação de algumas palavras poderia ter diversos efeitos sobre mim e as pessoas ao redor. Este poema foi escrito aos quinze anos, em uma aula de datilografia em 1993.

Introdução do autor

Seja bem vindo ao meu mundo secreto, não procure por caminhos cronológicos ou lógica alguma, além da ordem alfabética, não procure por nada. Deixe o encontro acontecer por sua vontade. Não existe sentido nenhum, e todos os caminhos levam ao mesmo lugar. A confusão é assim mesma, e a ordem do caos é o mistério do universo. Você poderá se deparar com a dúvida logo após ter encontrado a certeza, e a alegria seguindo a tristeza. Você poderá se perder, mas não se preocupe. É esse o caminho! Espero que você em primeiro lugar se divirta, porque se for fazer uma coisa que não te alegra, por favor, não faça! Em segundo lugar, espero que entenda, algo em você mesmo, não espero que me entenda, mas se entender, me liga, manda um e-mail, você deve ser louco! E provavelmente vou gostar de você! Boa viagem!